Primeiramente precisamos compreender como acontece a produção de sentido do sujeito, onde acontece e a partir de que pressupostos ela se realiza.
Lévy (1997) propõe que essa produção de sentido se da a partir do ato de comunicação, onde é esta que define a situação que vai dar sentido as mensagens. Muitas vezes a troca e circulação das informações apenas simbolizam a necessidade de confirmar relações. Por exemplo, um bom dia, pode se distanciar da significação lingüística e representar implicitamente um ato de educação, de simpatia e de confirmar relações. De acordo com o autor, quando
conversamos sobre o tempo com um comerciante de nosso bairro, não aprendemos absolutamente nada de novo sobre a chuva ou o sol, mas confirmamos um ao outro que mantemos boas relações e que ao mesmo tempo nossa intimidade não ultrapassou um certo grau, já que falamos de assuntos anódinos, etc. (LÉVY, 1997, p.21).
Por detrás dos discursos estão aspectos representativos e simbólicos que o sujeito utiliza para transformar o sentido de uma mensagem, onde esses aspectos, sejam por palavras, frases, sinais, imagens, etc., se entrelaçam na sua cognição com uma rede de mensagens anteriores e tentem influir, seja criando ou recriando, o significado das mensagens futuras.
Tudo parte da imensa rede associativa que constitui o universo mental do sujeito, um universo que se encontra em metamorfose permanente. O que acontece é um encontro de campos, mensagens e associações, mediante um processo interacional, em que o sujeito retrabalha, reinterpreta um discurso recebido através de relações com suas experiência e vivências, produzindo, fabricando e vivendo um novo discurso.
Silva Neto (1998) chama essa produção de sentido como “capacidade inventiva dos sujeitos, que através das operações de bricolagem e das infinitas estratégias desviantes, vão escapando ao cerco montado pelas instâncias produtoras...” (SILVA NETO, 1998, p. 42). Ao se deparar com um texto, discurso ou mensagem, o sujeito, muitas vezes, inconscientemente coloca em ação aspectos singulares do seu dia a dia, de suas vivências, de outros textos, de ingredientes simbólicos e culturais, que vão fazer com que este “realize inferências, na tentativa de recuperar os implícitos, de preencher as lacunas, para construir o sentido do texto.” (TREVISAN, 1992, p.53). De acordo com Trevisan (1992, p.53)
o leitor/ouvinte deixa aflorar, nesse momento, seu conhecimento de mundo, suas crenças, suas vivências, que conduzem ao estabelecimento de conexões entre os enunciados e o levam a construir o sentido do texto, que lê ou escuta.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1997.
TREVISAN, Eunice Maria Castegnaro. Os modelos cognitivos. In: _______. Leitura: coerência e conhecimento prévio (uma exemplificação com o frame carnaval). Santa Maria: Ed. da UFSM, 1992. p. 29-53.
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